Mediação, palavra que vem do latim mediatione, interveniência, intermediação, é um dos meios voluntários de solução de conflitos, por intermédio do qual duas ou mais pessoas buscam obter uma solução consensual que possibilite preservar o relacionamento entre elas.
Conforme referem Costa e Matos (2007:76), uma das estratégias mais preconizadas para a resolução de conflitos tem sido, sem dúvida, a mediação de pares.
A mediação de pares é um processo que capacita um grupo de alunos de uma escola a actuarem como mediadores nas disputas de seus pares. Por estarem inseridos na escola e serem colegas, a mediação de pares não é aplicável a todos os contextos e também não é apropriada para todos os tipos de disputa. Porém, trata-se de um instrumento valioso para que alunos assumam um controle maior sobre suas vidas e habilidades para resolver problemas e disputas. Na mediação de pares, o conflito é considerado positivo sendo essencial para proporcionar desafios e possibilidades de crescimento.
Objectivos da Mediação de Pares
- Criar vínculos cooperativos e senso de comunidade na escola;
- Melhorar o ambiente na aula ou fora dela pela diminuição da hostilidade e tensão;
- Desenvolver o senso de colectivismo;
- Melhorar as relações professor/aluno;
- Incrementar a participação dos alunos nos projectos da escola e da comunidade;
- Resolver conflitos menores entre pares que interferem nos processos educativos;
- Valorizar os alunos incrementando a auto-estima;
- Mudar os parâmetros de comunicação e linguagem;
- Incentivar valores e responsabilidades pelo todo.
No âmbito da escola a mediação não pode ser entendida como uma nova maneira de resolver conflitos, pois se trata muito mais de uma metodologia de ensino onde se privilegia a comunicação interpessoal em todos os níveis, possibilitando a reflexão e o pensamento complexo.
A globalização trouxe às nossas escolas uma diversidade de culturas, etnias, religiões, contextos económicos, familiares e sociais e morais. Toda a diferença promove a exclusão e, mais do que nunca, a sociedade pede a aceitação do outro como diferente de nós mesmos. Desenvolver e implementar um programa de mediação de pares numa escola significa aceitar a complexidade que considera todas as experiências como multifacetadas. A mediação de pares na sua meta função leva alunos e os agentes educativos a exercerem a democracia desenvolvendo nos jovens as aptidões para viver e construir os valores da democracia que transcende os limites da escola para instalar-se na família e em toda a comunidade.
A intenção primeira de uma proposta de mediação de pares é procurar dar um passo um pouco maior quando o tema são os conflitos entre crianças e jovens dentro da escola. A sugestão não está em administrar conflitos e sim trabalha-los enquanto oportunidade e solucioná-los ou minimizá-los sob uma perspectiva construtivista.
Costa e Matos (2007:77) citando Jones & Brinkman (1994) afirmam que no campo das definições equivalem os programas de mediação de pares ao treino de alunos como interventores neutros na ajuda a outros alunos para a resolução de disputas interpessoais.
Nesse sentido, só poderemos treinar os alunos mediadores para auxiliar os colegas a vivenciarem face a face suas dificuldades e exporem os seus sentimentos não verbalizados como raiva, mágoa, ou frustração.
Uma das vantagens da mediação de pares é que, como a mesma ocorre dentro do espaço da escola e entre alunos, as palavras e expressões utilizadas para contar a história do conflito fazem sentido a todos facilitando a compreensão dos comportamentos, dos sentimentos e dos pensamentos resultando numa interacção válida e positiva.
Este tipo de estratégia permite aos jovens promover e preservar as relações interpessoais, confere-lhes sentimentos de poder e de controlo sobre as suas próprias vidas, ajuda-os a desenvolver capacidades de tomada de decisões e, através da sua actuação confiante e credível permite-lhes promover o seu desenvolvimento psicossocial.
COSTA, M. e MATOS, P. (2007). Abordagem Sistémica do Conflito. Lisboa: Universidade Aberta.
PACHECO, Florinda Maria Coelho (2006). A gestão de conflitos na escola: a mediação como alternativa. Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Administração e Gestão Educacional. Consultado em http://repositorioaberto.univ-ab.pt. Consultado em Julho de 2010
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