REFLEXÕES

Lembro-me do dia em que dei a minha primeira aula. Acabada de sair da Faculdade, enfrentei uma turma de crianças entre os 11 e os 13 anos que há muito esperava “a professora de Inglês”. Tinham-me dito que eles estavam ansiosos por começar a aprender a língua.
Após a minha entrada na sala de aula, instalou-se um silêncio curioso. Mútuo.
Apresentei-me e tentei estabelecer um diálogo descontraído com os alunos. De repente, apercebi-me que estava a ser “bombardeada” com catadupas de perguntas do foro pessoal: como me chamo, que idade tinha, se tinha filhos, onde morava, e por aí fora. Tanto quanto a imaginação de uma criança pode questionar.
Percebo, hoje, que o que se passou naquela sala de aula foi um processo de referenciamento: as crianças procuravam em mim referências para uma aceitação ou rejeição.
Mantivemos um diálogo curioso durante grande parte do tempo e apercebi-me que um dos principais aspectos que favorecia a minha aceitação era saber falar inglês.
Foi importante perceber a aceitação por parte daquele grupo ainda tão estranho para mim. Deu-me tranquilidade e vontade de prosseguir uma tarefa nova para mim. No fundo, a aceitação deu-me segurança.
À luz da teoria da vinculação (Bowlby, 1969), estabeleceu-se, entre mim e eles, um processo de afiliação que iria, ao longo do ano lectivo, ser o fio condutor das atitudes comportamentais do grupo. Estabeleceu-se uma interdependência baseada num objectivo comum: o ensino/aprendizagem da língua inglesa.
E é esta actuação que tem pautado a minha vida profissional.